Governo estuda sistema para prever assassinatos com base em dados policiais e sociais.
O governo britânico está testando um projeto que lembra o enredo de Minority Report, filme de ficção científica de 2002 estrelado por Tom Cruise.
O “Projeto de Previsão de Homicídios”, revelado pela organização Statewatch a partir de pedidos via Lei de Liberdade de Informação, tem como objetivo identificar com antecedência pessoas com potencial para cometer assassinatos.
A pesquisa é conduzida pelo Ministério da Justiça do Reino Unido (MOJ) e analisa dados policiais e sociais para prever comportamentos violentos.
De acordo com os documentos obtidos, o estudo utiliza informações do Computador Nacional da Polícia e da Polícia de Manchester. São analisados históricos criminais, avaliações feitas por agentes de liberdade condicional, registros de incidentes, alertas e dados de custódia de presos condenados antes de 1º de janeiro de 2015.
O governo afirma que o programa tem caráter apenas investigativo e que não provocará mudanças operacionais ou judiciais imediatas. No entanto, a documentação oficial prevê a elaboração de um relatório final que poderá embasar novas políticas públicas ou ações futuras.
Para a pesquisadora Sofia Lyall, da Statewatch, o projeto é “profundamente errado” e deve ser encerrado.
Ela afirma que ferramentas automatizadas desse tipo apenas ampliam a “discriminação estrutural” do sistema penal e representam uma violação alarmante de privacidade, especialmente ao incluir informações sobre saúde mental, vícios e deficiências.
Lyall pediu que o governo invista em serviços sociais em vez de tecnologias preditivas.
O Ministério da Justiça foi questionado pela imprensa, mas não respondeu se pretende colocar em prática o sistema.
A ideia de impedir crimes antes que aconteçam é o tema central do filme Minority Report, inspirado em conto de Philip K. Dick.
No filme, um sistema chamado “Pré-Crime” usa seres com habilidades paranormais para prever assassinatos, permitindo que os suspeitos sejam presos antes de cometerem os atos.
A história ganha um tom sombrio quando se descobre que o sistema não é infalível e pode ser manipulado – dilema que agora se aproxima perigosamente da realidade britânica.
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