Revista britânica defende iniciativa do presidente americano de buscar diálogo com Irã sobre o programa nuclear.
A revista britânica The Economist publicou uma reportagem sobre o início das conversas entre o governo americano e o Irã marcadas para o próximo sábado, 12.
Sob o título “A jogada estranhamente sensata de Donald Trump: buscar um acordo com o Irã”, a publicação valoriza a inciativa de Trump no momento em que instaurou uma guerra tarifária contra países.
“Apesar de toda a sua fúria com a insanidade comercial de Trump, o mundo deveria lhe desejar boa sorte em suas negociações com o Irã”, diz trecho.
A revista destaca a promessa de Trump de ser um pacificador nas guerras da Ucrânia e em Gaza. Até o momento, contudo, não houve um fim nos dois conflitos.
No entanto, a Economist afirma que “os métodos pouco ortodoxos” do republicano, outrora criticados, podem ajudar a evitar um conflito com Teerã.
“Os Estados Unidos querem conversas diretas; o Irã diz que elas devem ser indiretas, por meio dos omanenses, pelo menos inicialmente. Seja qual for o formato, os riscos não poderiam ser maiores”.
A administração Trump precisará lidar com o possível desenvolvimento de uma bomba nuclear.
Segundo a Economist, Israel quer tomar medidas militares para impedir a ação, com ou sem os Estados Unidos.
A revista, porém, valoriza a iniciativa de diálogo entre os países.
“Qualquer uso da força, rebate o Irã, levaria a uma “guerra catastrófica” que “rapidamente se estenderia por toda a região”. Melhor, certamente, para os velhos inimigos dialogarem”, escreve.
Na avaliação da Economist, o governo americano conta com a fragilidade do regime iraniano para negociar com Teerã.
Militarmente, o “eixo da resistência” – que é a rede de aliados e representantes do Irã no Oriente Médio – perdeu forças nos últimos anos.
Além disso, o povo iraniano sofre com a piora da economia local. Trump sabe disso.
Até mesmo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, gravou um vídeo prometendo que “um dia o Irã será livre”.
A revista britânica aponta ainda para uma fragmentação na equipe de segurança nacional de Trump.
Segundo a reportagem, uma parte defende o desmantelamento total das instalações nucleares de Teerã. Outro lado, busca enfraquecer o Irã.
“Um acordo precipitado pode ser ruim. A equipe de segurança nacional do Sr. Trump é esquelética, inexperiente e ideologicamente dividida”, afirma.
A Economist conclui dizendo que uma negociação fracassada confere a Trump possibilidades: “arriscar um Irã nuclear; deixar Israel bombardear o Irã ou deixar que os próprios Estados Unidos liderem os ataques para garantir um trabalho mais completo”.
Para a revista, a pior das hipóteses, porém, seria deixar o Irã como uma potência nuclear latente o que, de acordo com a reportagem, “seria quase certamente melhor que a guerra”.
“Assim como seus antecessores, ele pode optar por um acordo falho — talvez até pior do que o JCPOA — que deixe o Irã como uma potência nuclear latente. Mas isso seria quase certamente melhor do que a guerra”, conclui.