A história de Janine Santos, de 32 anos, é semelhante à de outras mães que tiveram filhos com microcefalia. Foi abandonada pelo marido e teve que largar a profissão para se dedicar ao filho, que está com 10 anos. Ela participou da abertura da oficina sobre cuidados com as crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus e suas famílias, nesta terça-feira (8) pela manhã, que está sendo realizada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), junto com o Ministério da Saúde, na Espep, em Mangabeira, na Capital. O objetivo é a realização da Cartografia, com um plano de ação, monitoramento e avaliação dos serviços de saúde.
“É uma rotina intensa, exaustiva, onde quase sempre me acordo na madrugada somente pra ver se ele está respirando, mas, também, cheia de amor e celebração pelas pequenas conquistas. Espero que desse evento saiam ações para beneficiar os nossos filhos e a nós também, pois, por trás de cada criança, existe uma mãe que não desiste”, desabafou Janine, mostrando-se esperançosa. A oficina segue esta quarta-feira (9), pela manhã e à tarde.
A secretária executiva de Estado da Saúde, Renata Nóbrega, destacou que o intuito da oficina é fazer uma avaliação do diagnóstico real e traçar estratégias de como possibilitar melhorias nos serviços de saúde. “É importante destacar que o Governo da Paraíba já vem na luta pela ampliação dos serviços, não só na parte de autismo, mas da reabilitação de forma geral, ampliando o Centro Especializado em Reabilitação (CER) de Sousa e Itabaiana; vai também chegar no Curimataú e Picuí e novas construções estão sendo pensadas para Mamanguape e Esperança. Então, é o Governo da Paraíba, junto com as Secretarias dos municípios, sociedade paraibana e as famílias das crianças acometidas pelo zika vírus e microcefalia, na luta para melhorar a organização da rede e o acesso dessas crianças a mais qualidade de vida”, frisou.
A assessora técnica da Coordenação Geral de Atenção à Saúde das Crianças, Jovens e Adolescentes da Secretaria de Atenção Primária e Saúde, do Ministério da Saúde, Renara Guedes, informou que serão 40 oficinas, em 10 estados. Cada um terá quatro oficinas. Essa foi a primeira da Paraíba. “A gente vem de um cenário iniciado em 2016, quando foram notificados os primeiros casos de microcefalia e, agora, que essas crianças já estão em idade escolar, o panorama mudou e é importante esse encontro para pensar num cuidado articulado e intersetorial. Trazer a Atenção Primária à Saúde, Atenção Especializada, Vigilância Epidemiológica, Educação, Assistência Social, entre outros, para discutir o cuidado a essas famílias e crianças”, pontuou.
Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus Zika (SCZ)
A Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus Zika (SCZ) é um conjunto de anomalias congênitas que podem incluir alterações visuais, auditivas e neuropsicomotoras em indivíduos (embriões ou fetos) expostos à infecção pelo vírus Zika durante a gestação.
A principal forma de transmissão da infecção pelo vírus Zika em mulheres grávidas é através da picada pela fêmea do mosquito Aedes aegypti, mas a transmissão também pode ocorrer por meio de relação sexual com indivíduos infectados ou por transfusão sanguínea, a qual apresenta baixo risco devido à triagem de doadores e testes hematológicos.
A síndrome foi descoberta em 2015, devido à alteração do padrão de ocorrência de microcefalia em nascidos vivos no Brasil. Na época, o evento foi considerado uma Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) e posteriormente Internacional (ESPII). Posteriormente, constatou-se que os casos de microcefalia, que também cursavam com outras anomalias cerebrais e alterações neurológicas, estavam associados à infecção pelo vírus Zika no período gestacional.
Casos confirmados na Paraíba - Durante o período de 2015 a 2021, foram confirmados 227 casos de microcefalia na Paraíba, sendo 98, no ano de 2015; 97 em 2016; sete casos em 2017; 16 no ano de 2018; quatro em 2019; três em 2020 e dois em 2021. Nos anos de 2022 e 2023 não teve nenhum caso confirmado.